Dúvidas pairam sobre rigor fiscal; no radar, IBC-Br, dados externos, balanços: Espresso

Dados mistos de atividade industrial e comercial na China, incluindo investimento em ativos fixos, assim como a queda recorde no PIB da Zona do Euro, impactavam os ativos de risco globais na madrugada desta sexta-feira, o que deixa o investidor mais sensível às divulgações de indicadores nos Estados Unidos e no Brasil nas próximas horas. Os dados pouco empolgantes pioram a indigestão do mercado quanto à questão fiscal, em parte pela ambiguidade do presidente Jair Bolsonaro em torno do tema Teto de Gastos. A desunião reinante na Esplanada dos Ministérios sobre a condução e rumo futuro da política econômica no pós-pandemia foi antecipada pelos grandes fundos e bancos, que ajustaram suas posições nos mercados domésticos de câmbio, renda variável e renda fixa, demandando maiores prêmios de risco. Ontem, em evento virtual ao vivo, Bolsonaro disse que “a ideia de furar o Teto existe, o pessoal debate. Qual o problema?”. Mal sabe ele que a imprensa distorce cada coisa que ele fala, e o investidor acredita.

Nessa correria, que deixa o investidor pessoa física igual cego em tiroteio, a dúvida crescente é se o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda continua no comando das propostas ou se elas se tornarão uma plataforma populista que ajude à reeleição do polémico mandatário, já de olho em 2022. Ponto de pressão para Guedes será a divulgação do índice de atividade econômica do Banco Central do Brasil, o chamado IBC-Br, do mês de junho: o nosso consenso aguarda tombo de 7% na base anual. Mais água no chopp? Pesquisa de opinião do Instituto Datafolha de ontem à noite mostrou que a popularidade do presidente pulou entre aqueles que receberam o auxílio emergencial. Será que esse pequeno grande detalhe se tornará o bilhete que levará Bolsonaro a uma reeleição? “Por aí é que reside o maior temor: o bem do país não traz dividendo político de curto prazo. A bagunça traz. Quem sabe o que ele pensa?”, disse um gestor sediado em Londres.