Vale: Chuvas devem ofuscar alta do minério de ferro no balanço
No primeiro trimestre de 2022, a Vale deve reportar lucro operacional de US$6,52 bilhões, queda de 22% na base anual, segundo consenso Mover

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Atualizado há 2 meses
São Paulo, 25 de abril – A Vale deve reportar quedas nas principais linhas do seu balanço financeiro do primeiro trimestre de 2022, em função do efeito das chuvas sobre a produção, somada a uma aceleração de custos, ofuscando a valorização do minério e os metais no período, segundo analistas.
Conforme o consenso Mover, o lucro operacional aferido pela medida conhecida como EBITDA finalizou o primeiro trimestre em US$6,52 bilhões, queda de 22% na base anual. A segunda maior mineradora do mundo divulga o resultado em 27 de abril, após o fechamento do mercado.
A Vale produziu 63,92 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre, queda anual de 6%, enquanto as vendas atingiram 53,6 milhões de toneladas, recuo de 9,6%. A australiana Rio Tinto continuou como líder na produção global da commodity, com 71,7 milhões de toneladas.
A desaceleração, segundo a Vale, é explicada pelas fortes chuvas de janeiro em Minas Gerais, a paralisação da Estrada de Ferro Carajás e a menor disponibilidade de minério lavrado. Dessa forma, analistas ouvidos pela Mover projetam um balanço mais fraco entre janeiro e março.
“Os preços praticados devem compensar em parte a frustração na produção da Vale, mas não serão suficientes para baterem os números do trimestre anterior, ou de um ano atrás”, disse a analista-chefe do Inter, Gabriela Joubert.
A analista também prevê maiores custos para a mineradora, diante do encarecimento de insumos e maior ociosidade das plantas no período, “resultando em menores margens para o segmento de ferrosos”, completou.
Um desânimo em relação ao desempenho futuro da Vale pode piorar a bolsa local como um todo, agora que notícias de altas de juros nos Estados Unidos e de desaceleração econômica na China afetam o sentimento. A mineradora esteve entre as principais altas do Ibovespa nos últimos meses, colocando o índice-referência brasileiro em posição de destaque frente aos pares.
No ano, a ação ordinária da Vale (VALE3), que detém o maior peso no Ibovespa, sobe 5,34%, tendo encerrado o pregão da última segunda-feira cotada a R$79,08.
Níquel
A invasão da Rússia à Ucrânia no final de fevereiro dirigiu as atenções do mercado para os metais básicos, como níquel, cobre, chumbo e zinco. A Rússia é a maior produtora de níquel do mundo, com cerca de 10% da capacidade, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
As sanções impostas ao país pela invasão à Ucrânia têm ameaçado a cadeia de abastecimento do metal, importante para a fabricação de aço inoxidável, ligas e baterias de carros elétricos.
Desde o início do conflito, a ameaça de restrição de oferta por esses países impulsionou as cotações dos futuros de níquel e cobre negociados na Bolsa de Metais de Londres, que sobe 30,9% e 2,2% respectivamente no período. O minério de ferro negociado em Singapura avança 4,8%.
O único benefício que a Vale terá neste cenário será o da valorização dos preços no níquel, disse João Lorenzi, analista de commodities na Encore Asset Management.
Dessa forma, Lorenzi prevê um EBITDA de US$860 milhões para a divisão de metais básicos, alta sequencial de 6,0%, mas queda anual de 14,9%.
A companhia é a segunda maior produtora de níquel no mundo. Contudo, uma greve de funcionários nas minas de Totten, no Canadá, além de manutenções em Onça Puma, Sossego e Salobo, impediram avanços na produção de níquel e cobre.
“Apesar da alta dos metais básicos, a companhia sofreu com paralisações no Canadá e a disparada do custo de processamento nessas operações”, ponderou.
A produção de níquel da Vale foi de 45,8 mil toneladas no primeiro trimestre, queda anual de 5,4%, enquanto as vendas foram de 39 mil toneladas, recuo de 18,8%. A produção de cobre totalizou 56,6 mil toneladas, queda anualizada de 26%, e as vendas, 50,3 mil toneladas, baixa de 29,9%.
China
No curto prazo, os analistas apontam que os preços de minério de ferro e cobre devem cair, desfavorecendo a Vale.
Por isso, a equipe de Joubert revisou o preço-alvo do minério de ferro para US$100 por tonelada no quarto trimestre, queda de 36,9% ante a média do mineral em março.
A visão para o níquel, no entanto, é mais construtiva, diante das sanções impostas à Rússia e o aumento da demanda por veículos elétricos.
“Há muitas incertezas relativas aos dados da China. Não é possível concluir que os estímulos anunciados pelo governo irão surtir o efeito esperado na economia”, avaliou ela.
Já para Lorenzi, da Encore, o níquel sempre teve “uma oferta excessiva, deixando o preço baixo por muitos anos, mas as reservas do metal próximas à linha do Equador não detêm a pureza necessária para a fabricação de baterias, cuja demanda segue crescendo”.
Texto: Artur Horta
Edição: Gustavo Boldrini e Guillermo Parra-Bernal
Imagem: Vinicius Martins / Mover
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