Demonstração do resultado abrangente: o lucro é o fim?

No texto anterior vocês conheceram a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e viram que olhar apenas o lucro ou prejuízo (resultado) pode te levar a tomar decisões erradas com relação à análise do desempenho das empresas.
Neste texto vocês perceberão que o lucro realmente não é o fim. Existem outras informações mais amplas que podem afetar a sua percepção sobre o desempenho da empresa.
Essas informações mais amplas são chamadas de outros resultados abrangentes que não foram reconhecidos na DRE, porém afetam o patrimônio líquido.
O QUE É A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE (DRA)
A Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) é uma demonstração contábil mais recente aqui no Brasil e nos possibilita verificar as mutações no patrimônio líquido decorrentes de ganhos ou perdas não realizados, mas que poderão vir a afetar o lucro líquido e os fluxos de caixa da empresa no futuro.
São itens que podem transitar pela DRA e não pela DRE:
- Ganhos ou perdas atuariais com planos de pensão com benefício definido para os empregados da empresa;
- Ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior;
- Ganhos e perdas derivados de alguns instrumentos de hedge;
- Entre diversas outras aplicações definidas no Pronunciamento Contábil CPC 26 ou outros pronunciamentos específicos.
PRA QUE SERVE A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE (DRA)
Como visto anteriormente no texto sobre a DRE, o confronto das receitas com as despesas nos apresenta o resultado realizado no período considerando o regime de competência. Contudo, é possível que existam outros itens que não foram ainda realizados, mas que poderão afetar o desempenho futuro da empresa (por meio do lucro e do caixa).
Nesse sentido, a Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) poderá auxiliar o analista ou investidor a entender melhor, por exemplo, como a empresa está gerenciando outros itens que ainda não afetaram o lucro líquido ou o caixa da empresa.
O exemplo abaixo é a DRA da Sanepar em 2018, onde podemos ver que a empresa teve um ganho pelo bom gerenciamento do seu passivo atuarial (obrigação que a empresa tem com relação à aposentadoria dos funcionários, em linhas gerais), compensando uma perda atuarial em 2017. Esses itens não afetaram o lucro do ano, mas são indicadores de que podem afetar no futuro e o investidor espera que o impacto seja positivo, para que a empresa não tenha que desembolsar recursos adicionais.
A título de curiosidade, se buscarmos nas notas explicativas podemos observar que os investimentos feitos para o plano de aposentadoria e de assistência médica dos funcionários da Sanepar (que gerou esse ganho atuarial) investe basicamente em renda fixa (77%) e muito pouco em renda variável (6,8%) e que a prática de day-trade é vedada. Mas notas explicativas é um assunto para outro texto e veremos que às vezes elas não são tão explicativas assim.

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